31 março 2010

Dias Quentes (escrito)


Um escrito sobre a cena. Fiz antes de conhecer o Pio pessoalmente, portanto antes de pensar em fazer algo com o Massa Grossa. Só conversava com Ana Clara sobre o assunto. Hoje, acho que aqui é o lugar mais interessante para ele ser publicado.

dias quentes
Uma palavra sobre a cena da música popular contemporânea do Pará


Oferecer uma palavra sobre o que está acontecendo é sempre mais desafiador e ousado (e proporcionalmente mais fecundo e instigante) do que discorrer acerca do que já está fixado e, portanto, já é mais estável. Mas o que está acontecendo? O que sucede nesta paisagem verde/caos no fervor das horas matinais da música popular no Pará? Que “qualidade de percepção”[1] esta música oferece para si mesma e para o mundo? Quais os artistas que me fazem sentir e pensar uma nova atmosfera, nesta terra em que, explicitamente, os dias são como as suas músicas, a saber, cada vez mais quentes...[2]?
Cheguei ao ponto de ter coragem de lhe oferecer esta palavra de ousadia na medida em que me vi na condição de dizer algo a mais do que se fala, mas também de dizer algo a menos do que eu queria. Estamos diante de uma das mais interessantes cenas da música popular contemporânea do Brasil.
É preciso avisar que se trata de uma primeira palavra e que alguns caminhos só serão percorridos posteriormente (por mim e por outros), em estudos e rastreamentos mais rigorosos do que os meus. Aliás, não estudo nem rastreio, apenas ofereço uma imagem, um cinema, uma atitude de desvirginamento, a palavra sobre a página branca.
Sinto que estamos diante de intersecções históricas e intelectuais propícias para se pensar essa música. Quero destacar em especial uma, é que essa música se afirma sobre as ruínas da cidade de Belém, cidade que perdeu o centro, que deixou de perseguir (por cansaço) um centro, e que deixou de ser o centro da Amazônia, ganhando sua música. Na verdade, quase todas as cidades do mundo dispersaram suas atividades (econômicas, políticas e culturais) pelas ruelas dos becos da periferia. Indo mais na ferida, percebemos que o próprio homem perde seu centro, dilui-se no experimentalismo de si, o homem passa a ser ninguém, “ninguém no plural”.
A periferização do mundo torna-se um dos temas mais discutidos por intelectuais da antropologia, da economia e das ciências políticas desde os anos 80. A situação pós-fordista impôs uma nova reflexão sobre os conceitos de desenvolvimento além de reconfigurar a noção de trabalho. Houve uma “brasilinização”
[3] do mundo, assim disseram num tom pejorativo em meados dos 80, quase que consensualmente, os pensadores da economia e política global. A musica brasileira reagiu: “Alguma coisa está fora da ordem/fora da nova ordem mundial...”. O Brasil, que há muito era o país do futuro, passou a representar, paradoxalmente, o país que marca o futuro do Ocidente. Dentro do Brasil, a Amazônia tem o lugar privilegiado. Por quê? Porque é a única região do mundo que nos encaminha rumo a um materialismo imanente, capaz de servir de novo paradigma para a questão central das discussões em torno do futuro do mundo globalizado, a saber, como criar uma nova idéia de desenvolvimento?
O Devir-Amazônia é, portanto capaz de nos fazer superar noções auto-destrutivas de desenvolvimento neoliberal, cujo momento emblemático está na crise erroneamente chamada de “econômica” de 2009, assim como as noções ingênuas de desenvolvimento sustentável, pois muda o próprio conceito de desenvolvimento. Este, não é mais pautado na esfera econômica, mas na relação imanente com a terra, resignificando a relação homem-natureza. O homem tem a oportunidade singular de inventar-se, a floresta é a virgindade da página branca.
O trabalho ganha, nesse contexto em que as instituições financeiras não conseguem mais controlar os “riscos”, uma dimensão chave na configuração da sociedade contemporânea. A informalidade e consequentemente a ausência de regulamentos, direitos e segurança, traça um novo perfil nas margens da cidade.
Com efeito, há no contexto da música feito no Pará uma coincidência histórica que nunca houve antes, pela primeira vez a música popular do Pará é contemporânea, isto é, está em sintonia com as questões contemporâneas. O tecno-brega é seu estilo emblemático. Cópia da cópia, margem da margem. Música pirata, que invade o centro de Belém, transformando-o num rizoma incalculável, o tecno-brega não é um ritmo e é mais que um estilo, pois traduz precisamente o estado de espírito do mundo em que vivemos. Aniquila, tendo como impulsionador o “precário”, o “distorcido”, o “kitsch”. Todo o mundo da representação do Belo desaparece, nunca existiu.
Sobre as ruínas mas sob o céu azul, riscado por pássaros negros, emerge essa música, essa maneira de fazer música brasileira. Essa música é poética e poesia é risco
[4].
Entre outras coisas, que não me cabe aqui discorrer, destaco que na medida em que o Brasil entrou no processo de descentralização, fez com que os brasileiros ouvissem outras músicas, que não entravam com freqüência (e nas freqüências) ou com destaque suficiente nas linhas da história da música popular brasileira. Esta, que sempre foi colocada em termos insuficientes, quando não incompetentes mesmo
[5].
Na década de 1990, talvez pela primeira vez na história do Brasil, os brasileiros não olharam para a música carioca como o centro das atenções, e entre outras direções, a música pernambucana tornou-se um achado. Mais do que isso, o Mangue Beat de Chico Science, sintoma do colapso da forma canção, revolucionou a música do Brasil. A estética afrociberdélica apareceu, possibilitando que anos depois a guitarrada no Pará fosse reinterpretada, e que o tecno-brega não fosse de todo um “mal-entendido”, como tinha sido a guitarrada por muitas décadas, até que Pio Lobato esclarecesse tudo.
Com Pio Lobato nasce a cena da música contemporânea no Pará. Ele é a estaca zero da consciência da cena da música no Pará de hoje. Estudar os mestres da guitarrada foi somente o primeiro passo da revolução que estava por vir com seu pensamento-tocado acerca da estética da música contemporânea no presente paraense. Tudo que falei até aqui, neste brevíssimo e mal resolvido ensaio, está na música do Pio Lobato, reverbera dos movimentos da palhetada de “Recado Para Lúcio Maia” e “Psicocúmbia”. Não é um ritmo que nasce, mas uma sensibilidade estética. O princípio do hibridismo, uma das marcas da brasilinização do mundo, é tomado aqui numa perspectiva positiva, como fundamento potente de criação. A música do Pará não tem raiz, é radicalmente mestiça, só pode ser mestiça. Ela nos possibilita uma nova e vivíssima relação do Ser com a Terra, elimina a dicotomia local/universal, Arte/entretenimento, Kitsch/Cult, Comercial/Artístico. Como se dos escombros da civilização, onde, aliás, nunca chegamos a nos sentir plenamente inseridos (o projeto da Belle Époque paraense está completamente sem sentido hoje), emergisse uma sociedade radicalmente marginal, criativa, quente, líquida. Quando se pergunta “o que caracteriza a música do Pará?” A resposta só deve ser uma, o calor. Ele, nessa música, é fervura e liquidez, Deus-sonoro e dança-sagrada, a umidade do ar breante e a secura do espírito niilista, eis um painel dessa “coisa recente”, que nasce com a morte, já longínqua, de Chico Science.
Coletivo Rádio-Cipó, Madame Satan, La Pupuña, Casarão Cultural Floresta Sonora, entre os já citados anteriormente, são um dos momentos onde se percebe com nitidez solar essas transformações agudas na música brasileira, no qual a relação do homem com o trabalho, Ser e terra, visto pelo prisma de uma condição contemporânea, é reinventada. A cena que se passa é heróica, a aurora do novo mundo. Tudo dança sob o chão em chamas. A palavra música está ardendo...

Felipe Cordeiro (compositor e bacharel em filosofia pela Ufpa)

[1] Referencia ao livro Verdade Tropical de Caetano Veloso.
[2] Referencia ao poema de Dand M. “Dias Quentes”.
[3]Cito Giusseppe Coco em MUNDOBRAZ: “no final da década de 1980, a metáfora da “brasilinização” passou a ser usada pelos economistas franceses da Escola da Regulação para descrever a fragmentação social e a perda de direito trabalhistas que a flexibilização do fordismo e de seu sistema de welfare acarretava e acarreta.” As principais figuras desta corrente do pensamento econômico heteredoxo são Michel Aglieta, Robert Boyer, Alan Lipietz e Benjamim Coriat.
[4] Referencia ao poema/cd de Augusto de Campos “Poesia é Risco”.
[5] Por exemplo, o que leva a se reconhecer na sigla mpb o mesmo que música popular brasileira? São coisas, obviamente, diferentes. É comum, que nos escritos sobre música popular brasileira, assim como nos textos de perspectiva histórica sobre o assunto, se tomem mpb e música popular brasileira por sinônimos. Eis uma derrapada gritante. Ora, a mpb só pode ser entendida como sendo uma maneira (um estilo) de fazer música popular brasileira, não é ela própria, só existe como distinção a outros modos de fazer música popular brasileira, sem nome. Essa tese defenderei num escrito futuro.

MELÔ



Pra não perder a manha da guitarrada, criamos um esboço do que vai ser um "melô massa grossa". Tem cara de baile de meio dia, todo mundo suado dançando.

Guitarra só nos graves e bateria lambadeira. Essa nasceu acústica mas com vocação pra pegar uma batida eletrônica fácil, fácil. Alguém topa?

Pio

26 março 2010

De diálogo e fluidez

Fotos: Pio e Ana Clara - Rod Ferreira/Vovô - Divulgação/Felipe - Ana Flor

Em outubro do ano passado, terminado o especial de TV do Tributo ao Delinquentes produzido pelo Beto Fares, Pio Lobato me cumprimentou no estúdio e ali começou a conversa sobre produzirmos algo juntos. Umas semanas depois ele tocaria com o Suposto Projeto no Esquenta do Festival Se Rasgum e assim amarramos um ponto de partida para a parceria. Depois do evento, atropelado por outros projetos o diálogo passou por uma pausa e foi retomado no começo deste ano. Eu já estava tocando com o Felipe Cordeiro e as coisas acabaram se encaminhando para uma mistura de tudo isso.

Na calorenta tarde de 12 de março aconteceu o primeiro encontro dessa formação. Felipe levou uma música que já tinha tocado para mim algumas vezes, feita por ele sobre poesia de Dand M., e Pio e Vovô mostraram o arranjo que estavam trabalhando para Banho de Cuia, do José Maria Bezerra com um certo Emanuel Matos, por acaso, meu pai. Mais do que em qualquer conversa prévia, o entendimento foi mesmo ali, entre instrumentos, microfones e amplificador, incluindo no cenário um violão de cordas muito velhas e uma letra transcrita às pressas e incompleta numa folha de caderno.

Pela naturalidade com que as coisas se desenrolaram, deu pra perceber que os frutos poderiam ser bastante interessantes. Desde o início, o diálogo tem sido primordialmente musical. Mais tocar do que falar. E assim saíram as primeiras gravações: primeiro o registro, depois a autoanálise. Deste jeito, não limitamos as nossas possibilidades e aproveitamos o processo, que aqui pensamos e compartilhamos, deixando de lado o aprisionamento das definições.

Ana Clara

VINHETA PRO DIDI - 13/03/10 Pio




Um dia conversando com o mestre Didi, da banda Aeroplano, percebi que temos mesmos interesses por texturas, sons de guitarra, pedais, ambiências, etc. Daí eu pensei que a gente pode trocar informação sobre isso na prática, fazendo umas vinhetas, trechos curtos de som, sem maiores pretensões.
Gravei uma vinheta usando exclusivamente guitarras buscando testar como essas camadas se comportam, coisas invertidas, diferentes equalizações, enfim, guitarras gravadas em casa e envenenadas com plugins baixados da net.

Pio

DIAS QUENTES - 12/03/10 Felipe, Ana Clara, Vovô, Pio




(Melodia de Felipe Cordeiro sobre poema de Dand M.)

No primeiro dia em que nos encontramos pra tocar, o Felipe veio com essa música praticamente definida, até porque fazia um calor monstruoso, e nesse calor qualquer coisa que se consiga tocar já é lucro De cara a música me lembrou do desenho do Papaléguas Ainda não estou convencido da estrutura mas ela está caminhando.

Pio



Eis, parceiros do Massa Grossa, a letra na íntegra do poeta Dand M.
Vamo que vamo!

Felipe C

DIAS QUENTES (Felipe Cordeiro e Dand M.)


A moeda corrente destes dias cada vez mais quentes
Com que toda essa gente cobra, paga e mente
A água, o vinho, a enchente
A chave da tua própria mente
A teu quarto, a tv, a internet
O medo que sentes de repente

É foda esses dias cada vez mais quentes

A moda decadente deste dias cada vez mais quentes
Toda essa gente sorrindo entre dentes
Acho que vejo Deus, acho que vi um indigente
Um índio, um cyber-punk, um dândi indecente

É foda esses dias cada vez mais quentes

BANHO DE CUIA - 12/03/10 Pio, Ana Clara, Vovô




Banho de Cuia é um rearranjo da música que está no disco de mesmo nome, letra escrita por Emanuel Matos com melodia e arranjo do meu amigo José Maria Bezerra. A versão original contém uns loops de violão que me foram encomendados pelo Zé. Nesse rascunho inicial a idéia é pegar a estrutura pronta e montar algo partindo da guitarra. Uma timbragem limpa com uma base constante. Gosto muito das bases africanas penso que lembra algo assim.

Por enquanto não há baixo.A bateria está com uma divisão marcada, com alguns ressaltos de agudo no chimbal, constância na caixa e marcação no surdo. Gosto muito da formação de rock indie (como chamam hoje o velho trio guitarra, baixo e bateria), é legal ter a sonoridade e fazer algo completamente fora desse contexto.

O microfone condensador ficou muito perto do prato de condução , ficou alto, outra hora a gente grava ela melhor. Vamos tocando o barco...

Pio

25 março 2010

Pra começo de conversa...


por Pio Lobato

Por volta de 97, eu achava que os grupos que faziam música na cidade ganhariam muito mais quando se conhecessem, descobrissem o repertório uns dos outros e deixassem de lado discussões quase xiitas sobre estilo ou estética. Então incluiriam em seus próprios repertórios, sem paranóias ou preconceito, músicas feitas pelo vizinho.
Ao contrário do que muita gente pensa, eu acredito que a cena nasce diretamente da criatividade de músicos, de como se relacionam entre si e como trocam “recados musicais” dentro de uma experiência comum, o resto é natural: gestão financeira, marketing e propaganda são necessários pra qualquer produto, desde um botão, um carro ou qualquer daquelas marcas de cerveja super aguadas que te convencem a beber só porque são mais baratas, isso é o básico, nada além.
Eu e o amigo Tiago Sá decidimos fazer uma coletânea em CD, a primeira da cidade nesse formato, pedimos a alguns músicos e grupos que tinham gravações minimamente razoáveis que cedessem duas músicas cada, o preço final foi exclusivamente para cobrir os gastos com CD’s, papel, tinta e embalagem.
Entramos na coletânea eu, Cravo Carbono, Mangabezo, Iva Rothe, Maria Fecha a Porta (Lu Guedes), Norman Bates e Moonshadow. A coletânea se chamou Massa Grossa e foi feita em CD-R. A capa tinha uma ilustração do livro “Nutrição e Vigor”, um clássico dos anos 60 e 70, o disco vinha ainda num saquinho de papel de pão que compramos numa dessas lojas de variedades. Fizemos uns 30 CD’s que acabaram num dia só, oferecidos num show, o problema é que não me lembro agora quem tocou nesse show.
Hoje faz mais de 10 anos da iniciativa e, enfim, cá estamos nós. Pra lembrar o projeto pensamos em fazer um show, mas os shows dão muito trabalho e acabam em si mesmos (penso eu), então preferi montar algo menos trabalhoso, mais simples e mais duradouro. Daí a idéia do blog, o show virá em segundo plano.
Em 97 queríamos mostrar que havia “bandas produzindo”, hoje esse estágio de divulgação inicial já não é tão necessário. A internet facilitou muito a vida de todas as bandas. Então achei melhor mudar o foco do projeto e chegar mais perto do que é realmente necessário, o que realmente me interessa.
Entre as coisas que mais gosto no trabalho com a música é perceber o processo de como são feitas, como as músicas nascem crescem e (porque não?) morrem, algumas instantaneamente, outras levam meses, anos, algumas são curtas, outras imensas, muitos instrumentos, poucos, partem de imagens , letras, sons, experiências, são cerebrais , devaneios, rompantes, enfim, são inúmeras variantes que tornam toda a história de cada música muito mais interessante.
Pessoalmente, a sensação é semelhante de quando termina o jogo de bola e as pessoas comentam detalhes das jogadas, com o entusiasmo de ter aquele momento pra si, de se exaltar, de comemorar, contestar, de fazer parte daquilo realmente, o momento é seu patrimônio pessoal e ninguém mais o tira de sua vida.
Assim percebo a música. Da mesma forma que o atleta, torcedor, comentarista se envolve no esporte, muita gente se envolve com a música. É quase uma seita, uma devoção, basta ver a forma apaixonada com que os fãs defendem seus artistas, seus ídolos, suas canções, sem sequer tomar conhecimento do processo. Talvez isso não seja nem necessário pra todos, mas só ficaremos sabendo se isso vier à tona, se estiver disponível, ora, há alguns anos atrás também nem existia computador, ou vamos mais longe, caneta esferográfica (o que Camões diria de uma?), portanto só vamos saber se o fizermos.
O comum é tratar do ouvinte como o fim da linha, única e exclusivamente consumidores. Alvo da cadeia produtiva, procedimento que afasta o ouvinte de outro prazer, o de acompanhar o processo. Priva-lhe da participação.
Sabe-se que na quase totalidade do que se escreve por aí sobre música ignora muito de música, escreve-se sobre bibliografia, performance, carreira, influências , estilo, cenário, proposta, etc., etc., etc., tudo e ao mesmo tempo nada, com frequência o trabalho do músico funciona como pano de fundo para construir textos “virtuosos”de um jornalista “cultural” qualquer. Isso realmente não me incomodaria se não fosse visto por quem busca informação sobre música como referência.
Viemos de anos e anos da indústria musical baseada na promoção da música pronta e acabada, dificilmente alguma resenha vai traduzir o processo de construção, está fora do alcance, fora dos contornos tradicionais do jornalismo musical, é um universo que pertence exclusivamente a quem se envolve com ele, quem está de fora está descontextualizado, a crítica musical tem que estar desvinculada da preferência. Esquecer disso gera e consolida bobagens comuns, como aquela em que se diz que “música é dom”. Ainda acho que música é só comunicação.